Eu no entanto sinto
do muito que pouco escrevo
penso que devo ver
a verdade mesmo doída
tanto a saudade
quanto chegada a partida
Portos vindos a miúde
minha índole permite
a espreita
Perto daqui só o longe
ao longo da caminhada
vida dando bandeira
Cato uns cantos bandidos
aos olhos dos refrescos
desses reflexos perdidos
dou-me ao erro
acerto o torto por esporte
sem sorte agarro o manco
feito foice
na cana de corte
Acordo quase sofrida
levanto com calos
largo a cama batida
te peço paciência
minha carne já vem escrita
Carola Bitencourt
22/11/2017
22 de nov. de 2017
14 de set. de 2017
Perdi o
sono.
sem ele: sua
lembrança.
Fico
escrevendo achando que tatuo sua membrana
Me parece
óbvio que tu não vai ler
Nossa
distância certifica
Talvez seja
esperança de te rever
ou o desejo
de reencontrar sua risada plena
É muito mais
um sonho,
mas sem sono
some a possibilidade
Quem dera
pudesse juntar
nossas duas
cidades
a sua traria
a cidadania militante,
a minha um
certo senso de liberdade
Seriam dois
nortes notórios,
um sul sucinto
e unido
o seu
daquele jeito de quem melhor sabe,
o meu
lutando na tentativa de ainda crer na humanidade
Traríamos pra
mais perto os portos,
os olhos, os
ouvidos
Tramaríamos amores
postos
em pé de
igualdade
guardaríamos
os dentes,
mostrados apenas
àqueles políticos
polidos pela
falta de caráter,
carecidos de
informação forte,
compaixão e
completude
Seria a soma
uma coisa
mais serena
Nasceria uma
parceria, sem posse
sem pose,
sem penas
apenas a
vontade astuta
de viver em
sociedade,
sem saudade
sentida na pele,
pelo menos
enquanto nos impele
esse tanto
de querer,
que nem sei
se bate só em mim
ou se também
transpira em você
Esse poeminha
bobo
reflete o
meu tanto
Espero sua
mensagem aflita,
agradeço até
se ela não vem
assim não
alimento expectativa,
mas me
pergunto se você a tem
Tento dormir
mais uma vez,
esperando que
você apareça
no meu
inconsciente já está sua presença
Boa noite,
sortudo.
Tudo que
posso dizer é:
que um dia
você me leia!
Carola
Bitencourt
09/09/2017
A.O.
A.O.
27 de jul. de 2017
na primeira semana enche de elogios
em um mês já fala que ama
dá presente, chama de dona
Quando percebe que ganhou a fêmea
se faz de desentendido
manda aqueles argumentos plagiados e falidos
dá uma de macho desconstruído
Disfarça como estímulo
a diminuição da minha estima
dizendo que tá sobrando nas minhas bordas,
chamando pra exercício na orla
convencendo que é pra aumentar minha beleza
só porque sou diferente da sua última francesa
adora dizer que cozinha o tempero da Bahia
mas não importa em que casa,
só eu que faço a comida
Pior, além de tudo é palmiteiro
grita que luta contra o racismo que sofre
mas não pega mulher preta.
Me critica porque eu tomo meus goró
quando tu mesmo só trabalha
com a cara enfiada na carreira de pó
Longe de mim fazer apologia
à criminalização das drogas
mas se tu fosse vendido em pack
seria mais nocivo que uma tonelada de crack
Posa de galã
que não demonstra afeto na rua porque é tímido
mas vive propondo menage
adoraria me ver chupando buceta
afinal, você que é o descolado
eu é que sou a careta
Tu acha mesmo que a pica paga
o que falta além dela?
Tá pensando que seu rebolado e aquela chupada
compensam o falso intelecto
e o raciocínio dissimulado?
Acredita mesmo que a gente cai de boca
no prato da sua masculinidade
depois de tantos anos sovados
na injustiça e desigualdade?
que a gente atura sua mentira
confundindo amor livre
com submissão sob medida?
De careta a gente não tem nada
Tamo cada vez mais engajadas
Fica esperto que sua hora chega
e quando chegar, não chora
vai se informar um pouquinho
pede desculpa, sai de fininho
que a mulherada tá chegando de sola,
coturno, salto alto, bico fino,
não interessa. A movimentação tá feita
Ou tu muda de postura
ou vai ser posto da porta pra fora.
Carola Bitencourt
26/07/2017
L.NDS
em um mês já fala que ama
dá presente, chama de dona
Quando percebe que ganhou a fêmea
se faz de desentendido
manda aqueles argumentos plagiados e falidos
dá uma de macho desconstruído
Disfarça como estímulo
a diminuição da minha estima
dizendo que tá sobrando nas minhas bordas,
chamando pra exercício na orla
convencendo que é pra aumentar minha beleza
só porque sou diferente da sua última francesa
adora dizer que cozinha o tempero da Bahia
mas não importa em que casa,
só eu que faço a comida
Pior, além de tudo é palmiteiro
grita que luta contra o racismo que sofre
mas não pega mulher preta.
Me critica porque eu tomo meus goró
quando tu mesmo só trabalha
com a cara enfiada na carreira de pó
Longe de mim fazer apologia
à criminalização das drogas
mas se tu fosse vendido em pack
seria mais nocivo que uma tonelada de crack
Posa de galã
que não demonstra afeto na rua porque é tímido
mas vive propondo menage
adoraria me ver chupando buceta
afinal, você que é o descolado
eu é que sou a careta
Tu acha mesmo que a pica paga
o que falta além dela?
Tá pensando que seu rebolado e aquela chupada
compensam o falso intelecto
e o raciocínio dissimulado?
Acredita mesmo que a gente cai de boca
no prato da sua masculinidade
depois de tantos anos sovados
na injustiça e desigualdade?
que a gente atura sua mentira
confundindo amor livre
com submissão sob medida?
De careta a gente não tem nada
Tamo cada vez mais engajadas
Fica esperto que sua hora chega
e quando chegar, não chora
vai se informar um pouquinho
pede desculpa, sai de fininho
que a mulherada tá chegando de sola,
coturno, salto alto, bico fino,
não interessa. A movimentação tá feita
Ou tu muda de postura
ou vai ser posto da porta pra fora.
Carola Bitencourt
26/07/2017
L.NDS
17 de jul. de 2017
Da antiga mesa só sobrou o retrato de Greta e Audrey. O tampo foi tomado por tarjas, cartelas metálicas, líquidos temperados e tabelas de horário.
Das noites ao sereno sobraram apenas as fotos, a saudade das vistas não registradas e o silêncio no ouvido, mais sentido após tanto burburinho.
As unhas cresceram na falta da necessidade de poda, depois de tanto tempo sem bater os dedos nos quadrados plásticos mal ordenados.
Daquela feroz alimentação afoita e falha, nada. Agora ficou somente o cozido lento, sem unguento, e por enquanto obrigatório no ponteiro das horas certas.
Na cama não cabe mais ansiedade, saiu o último vício escorrido no enxágue da roupa suja. Pretende-se não enlamear novamente a alva calma.
A contagem planejada do ano, ano novo e novena até pós carnaval foram suspensas. Pairam sobre o deleite de outro sol, à frente ou atrás das nuvens, presente cobrando plácido a postura ereta.
De tantos desfechos possíveis hoje me satisfaço com o fim das linhas de uma página escrita contando com a próxima, só amanhã.
Carola Bitencourt
15/07/2017
Das noites ao sereno sobraram apenas as fotos, a saudade das vistas não registradas e o silêncio no ouvido, mais sentido após tanto burburinho.
As unhas cresceram na falta da necessidade de poda, depois de tanto tempo sem bater os dedos nos quadrados plásticos mal ordenados.
Daquela feroz alimentação afoita e falha, nada. Agora ficou somente o cozido lento, sem unguento, e por enquanto obrigatório no ponteiro das horas certas.
Na cama não cabe mais ansiedade, saiu o último vício escorrido no enxágue da roupa suja. Pretende-se não enlamear novamente a alva calma.
A contagem planejada do ano, ano novo e novena até pós carnaval foram suspensas. Pairam sobre o deleite de outro sol, à frente ou atrás das nuvens, presente cobrando plácido a postura ereta.
De tantos desfechos possíveis hoje me satisfaço com o fim das linhas de uma página escrita contando com a próxima, só amanhã.
Carola Bitencourt
15/07/2017
11 de abr. de 2017
Fico vendo suas costas
editando curta distância
antes mesmo de estar posta
na ilha ao lado da cama
atenta a essa historia
quase haikai de tão recente
quase saio em transe
quando transo seu poema
ponho-me em teste
atestando teimosia
tentando treinar em trote
novo tema, arritmia
minha mania de rimar
expressa bem esse momento
obrigação de escrever,
mesmo que só pra passar os minutos
meu íntimo quer registrar
indagar porquê de tu
agora que tudo me vem
tão leve como quem se contenta
Carola Bitencourt
12/04/2017
L.NDS
editando curta distância
antes mesmo de estar posta
na ilha ao lado da cama
atenta a essa historia
quase haikai de tão recente
quase saio em transe
quando transo seu poema
ponho-me em teste
atestando teimosia
tentando treinar em trote
novo tema, arritmia
minha mania de rimar
expressa bem esse momento
obrigação de escrever,
mesmo que só pra passar os minutos
meu íntimo quer registrar
indagar porquê de tu
agora que tudo me vem
tão leve como quem se contenta
Carola Bitencourt
12/04/2017
L.NDS
7 de mar. de 2017
7 de fev. de 2017
Passar pelas ruas do Rio, no começo de Fevereiro, nesse pedaço ermo de fronteira entre bairro parque praia, escuro varrido de folha seca amendoeira, espécies... repleto de vazio insegurança ar de verão com uns gatos pingados a esmo, uns cachorros pintados magros... Nem parece que daqui uns dias tá tudo coberto de gente. Um tapete de pele colorida com pó, cerveja, suor deslisante e gritos decorados na embriaguez, aqueles nacos de refrão destilados gelados com calor a vapor. Pouco se acredita ver tanta sorte de povo alegre ou as torturadas almas serelepes se pegando sem considerar amanhã durante a noite ou transcorrendo sem dormir horas inteiras sedentas pela próxima batucada batida a próxima corrida ou a mesma sangria desatada pelos blocos de metal gigantes circulando no asfalto quente, aliviado por sombras escassas disputadas a bunda, cotovelo, sorriso maroto e piscadelas de gentileza. Quem diz que se inunda de som rasgado de palheta voz nylon baqueta qualquer objeto atrito barulhento que se encontre a frente ou à mão acompanhando sem compasso ou com o que tão na hora bradando? A confusão distinta por metros de distância entre um monte caminhando e outro dispersando entre encontros frustrados e novas amizades espontâneas, a náusea faminta por massa ferro hidratação ou refrescância. Nem parece que é bonito, gostoso, ou dá saudade, mas é, é, e dá.
Passando por essas ruas a esses minutos de agora nem parece, Má aparece nos dias certos pra ver se tu não se solta e volta todo ano, passa?
Carola Bitencourt
06/02/2017
Passando por essas ruas a esses minutos de agora nem parece, Má aparece nos dias certos pra ver se tu não se solta e volta todo ano, passa?
Carola Bitencourt
06/02/2017
30 de jan. de 2017
Já sei o
filme pra próxima sessão
em francês
com legenda português,
já que o
espanhol deve ser congelado
Já pensei 4
vezes em te mandar
mensagens fofas,
perguntas curiosas e à merda
rasgar seu
contato virtual
vigiar minha
vontade de ver seus vícios
criar umas
barreiras mais habituais
que aquelas
que te dei pé-pé pra pular pra dentro
de mim, de
mis sueños, de mis
cosas bellas
proibir de
verdade sua mania de chamar reina
por permissão
sem originalidade
desertar
sua estadia nas ilusões que ascendo
Já pensei 10
vezes em escrever essa poesia
sabendo que
nunca te vas a leerla
a lejos de nosotros como me hay dijo
sin que
pudriera escucharlo
Já sei a película da próxima sessão…
vos no te vas a saber
Carola Bitencourt
30/01/2017
rainho argentino
rainho argentino
24 de jan. de 2017
vídeo com preta ganhando na cara dura: realista! eu já vi
gente que faz feitura fatídica à vista e sem CGI: também,
quase tortura pra quem não consegue: "é ruim"
um pouco de tapa na cara como mal
parece que tem mordaça...
Carece entender o ferrolho da bola de ferro
parece com paz-macera de quem tinge a voz com berro
erro de quem se diz dono,
ferro de quem se faz trono
o game fica pra trás quando se lê historia
quem não esquenta a barriga no fogão
não se refresca na pia
piegas o ser que acha que pode sair no pio
crente que jaz o assento de falo
na placenta que cria
Quando seremos igualitários?
Quê passa na fronteira do lado
que aqui se espia?
todo esse notar temerário acaba sentando na mesma pik@
pouca
que agora oca ecoa transita e se esvai sombra fraca
retarda
quer segurar
mas não cala
nem calça, quem dirá calcanhar sangrado
quem quiser que tente
vai ser outra pedra
sem guardar semente!
Carola Bitencourt
25/01/2017
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