13 de out. de 2010

Não sei dizer em que momento
o engano me tomou.
Sonolenta
perdi a hora em que a malemolência me deixou.
Peguei o mesmo retorno
do último derrame.
Contínuo é meu erro,
meu gasto, meu vexame
meu peito se abre inteiro
sangue em enxurrada
se esvai
como enxame de abelhas
espalhados pelos olhos menos merecedores
Minha dissonância se sobressai
Cada vez parece pior,
mas, na verdade, são todas iguais
achar que já tinha aprendido
e entender que ainda não sei
é o que me dói mais.
Sempre volto com a alma lavada
assim, completamente limpa
de qualquer cicatriz,
(o que não ajuda,
já que não sei o que fiz)
Refaço de novo achando que é a primeira vez
o caminho tortuoso que vai me levar
pro mesmo fim:
Um coração em pedaços,
a ilusão desmentida,
esperança cortada
pela certeza precoce
de uma vida vidrada
numa posse impossível.
Sofrer de amor é minha sina
meu eterno silício
vício meu de cada dia,
Parte integrante do meu ofício
Sem isso não uso páginas,
não coloro rabisco
não crio sentimento ou faço sentido.
Talvez por isso
escolha mal meus objetos de desejo.
É necessário estar fadado
a um certo fracasso
pra que eu aceite oferecer um beijo.
A iminência de sucesso
Me tira totalmente a gana.

- Carol, você está sendo muito radical...
- Ora, benzinho, a razão me acompanha
Quando estou consciente.
Se lhe pareci razoável,
A culpa é da água’rdente.


Sendo assim, apago a luz
Pra que o astro rei a ascenda no leste.
Outro dia virá, e a solução é aceitar que a fila anda:
NEXT!

Carola Bitencourt
12/10/2010

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