Vou desfazer a maquiagem que ninguém
viu além de mim. Deitar com uma garrafa quente pra espantar o frio que ninguém
aqueceu, fora o calor de dentro aqui. Criar coragem pra desnudar e recobrir a
pele já repelindo o ar gelado e a conversa amena da casa ao lado, ou dos
moradores passivos na minha. Vou curtir orvalho pela parede dos fundos, sorver
sorte de coisa alguma tal falta de necessidade em dividir a concha. Abrir o
inconsciente pra Morfeu abraçar as pálpebras fechadas. Continuar o sonho sem
sinestesia ou mesmo telepática no meu eu futuro dizendo: acorda, já é hoje. E
então, um boa noite sem tramela, escancarada no abismo de mim, reencontrar
aquela que é, sem mais, sem medo, soma de tudo que vi vívido no voo
livre do hoje.
Carola Bitencourt
14/06/2016