14 de jun. de 2016

Vou desfazer a maquiagem que ninguém viu além de mim. Deitar com uma garrafa quente pra espantar o frio que ninguém aqueceu, fora o calor de dentro aqui. Criar coragem pra desnudar e recobrir a pele já repelindo o ar gelado e a conversa amena da casa ao lado, ou dos moradores passivos na minha. Vou curtir orvalho pela parede dos fundos, sorver sorte de coisa alguma tal falta de necessidade em dividir a concha. Abrir o inconsciente pra Morfeu abraçar as pálpebras fechadas. Continuar o sonho sem sinestesia ou mesmo telepática no meu eu futuro dizendo: acorda, já é hoje. E então, um boa noite sem tramela, escancarada no abismo de mim, reencontrar aquela que é, sem mais, sem medo, soma de tudo que vi vívido no voo livre do hoje.

Carola Bitencourt
14/06/2016


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