Estou tão cansada que chego a ser capaz de mentir.
Eis que
Desço dos 14 andares pra fumar um cigarrinho, tentar me manter acordada depois de mais de 13h em pé, na maratona do hilariamente chamado RIR, tendo dormido nada mais que 1 hora e meia.
Já são 15 horas e alguma coisa e os resquícios de energia que me sobram depois de tanto fervo e trabalho se esvaem com a fumaça que solto pela boca.
Surge então um ser absurdamente sorridente com um Black Power respeitável, magra, com sua simpatia reluzente e um texto pronto que não me deram chance de muita reação.
Objetivo: vender perfume, no mínimo demonstrá-lo.
Poderia ter usado mil subterfúgios, dizer mil coisas, qualquer uma que fosse desde um simples “desculpe, não quero!” que seria engolido com maior simpatia ainda, e me daria a função fácil de fechar o sorriso meia boca que eu tinha pra dar, e transformá-lo numa tromba gigantesca a esguichar-lhe um “qual a parte do ‘não quero’ você não entendeu?”
Ou mesmo: “querida, você é um amor de candura, mas já to dura e estamos no fim do mês”, mais uma chance de vir um revide, hoje em dia se faz qualquer coisa prometendo o pay day.
Haja saco!
Depois de tantos sorrisos recebidos, tanta velocidade em tramar uma frase na outra, a fim de não me deixar dar fim e fugir, já me oferecendo um frasco de algum cheiro disfarçado de charuto, fui vencida pelo cansaço e menti (descaradamente):
- Gata, desculpe! Não uso perfume.
E deu certo!
Carola Bitencourt
30/09/2011
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