1 de mar. de 2012

Vem me iludir
Me rasgar a cicatriz
Vem me dar o tapa na cara
Por puro gostar da brutalidade
Vem amarrar minha mão ao santo
Vem me cuspir o pranto que jorrei
Traz meu verdadeiro pânico
Em forma de travesseiro
Pra acompanhar os sonhos que durmo

Vem saquear minhas boas lembranças
Corte minha carne cerebral flácida
A fim de expor minha fragilidade
Recrie o monstro debaixo da minha cama
Gargalhe da minha esperança
A ponto de ser o cristo vestido de demônio.

Sove minha sorte com galhos de azar
Corte as asas que acabei de sarar
Bloqueie com muros espessos de cimento
Meu céu azulado e livre
Quebre minha auto-estima em cacos
Aposte todas as fichas no meu fracasso

Seja o capataz
A me laçar as pernas enquanto corro,
meu algoz, a me ralar a pele.

Seja quem você é.
Deixe-me no pó da fogueira
Cinza esfumaçada.

Meu bem,
Só não se esqueça:
Todos esses tratos maus
são curáveis.
E me servem
Pra clarear a consciência.

Quando erguida,
A única coisa que não ressuscitará
Será você
Dentro de mim!

Carola Bitencourt
11/08/2011

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