14 de fev. de 2019


Se eu passar pelo seu bairro toda a espuletisse que tenha no dia se dissipa. Nem a conjugação dos verbos se vertem em verso, fica tudo solto, disléxico, frouxo... O simples lampejo de possibilidade de te ver me desestabiliza por completo, pareço um peão rodado há séculos, quase deitando, mas ainda em movimento, circular e cambaleante. 

Eu sei, foi pouco tempo, mas na minha criatividade foram tantas as realidades que ficção científica de viagem no tempo perde material de trabalho.

Meu celular toca, e sabendo que não é você nem me interesso por atender, só dou a mão à torcer porque ainda tenho uma vida pra resolver. Pronto. Outra reunião, mais um compromisso e a espera de que o tempo cure a ferida que não cutuco, mas relembro sempre.


Música nova no ouvido, outra mensagem do projeto novo, mais um percurso de ônibus e lá vou eu pra longe. Porque uma coisa é certa: por mais perfeito que fosse, nem mesmo a mais bela projeção pode me dar a ilusão de que você me queria, e posso ser flexível pra habitar lugares inóspitos, mas jamais ficarei onde o convite não é feito.

Carola Bitencourt
14/02/2019
M.F.

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