Respirei teu cheiro
era doce e um tanto áspero
me tomou um torpor pré-apocalíptico
Pairei um tempo
na esperança que se dissolvesse
entre os ventos
ao redor das narinas
Instigada com tamanho brio
me abriguei na tua pele
um gosto de breu me invadiu a boca
Se tornou um vício
desses que incentivam o ócio
dócil como caçador
ao espreitar a presa
Abri até os poros
além dos membros
os olhos já não enxergavam
Fiquei
Absorvida sorteei meu norte
passei a voar à deriva
Perdida na possibilidade de perda
dancei com as Valquírias
antes da oferenda
Me rendi a um sopro de encanto
a sobra era minha sobremesa
Deixei embriagado o omisso destino,
já que esse não fez diferença
Nessa terra em que sou rainha encarcerada
pela minha própria correnteza
só eu posso aspirar
o domínio dos acontecimentos.
Banquei a babaquice de ser forte
como se fosse uma guardiã manca
Mandei matar todas as vozes
que me diziam pra sair
Era eu quem decidia
o dia de falar com a morte
Esse também é pra você
mesmo que não tenha o seu nome
Carola Bitencourt
20/03/2019
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