29 de nov. de 2012

não chove.
prendo alguma gota de dor que de mim não cai
nem todos os dias são sãos
e eu dalilei minha força rota
num haicai alexandrino
como se tal existisse
dominei meu grito justo
torcendo a ponta interna do umbigo
tudo pra ser mais amena
pra tornar mais serena uma noite seca
aqui dentro é doce
a aceitação do fracasso
em agradar um cego
que não apalpa o próprio carma
tenho ciúme das companhias impunes de consciência coletiva
ou a falta dela lhes dá diferente ponto de vista
o foco na luz objetiva
a foto do pus nessa ogiva programada
que a gente teima em dar o nome de relacionamento
o monte de baboseiras ditas
somos babalorixás em transe
cobrando 20 reais
numa esquina suja
e ainda mais limpa
que o amor ímpar que a gente se jura.
não venha me acalantar
hoje é tempo de choro
não penso em calar o vento
que me sacode a acordes
de guitarra distorcida
esse tempo passa
e pretendo aproveitá-lo o quanto possível
pra não deixar nenhuma gota presa
dessa chuva liberada na pálpebra.

Carola Bitencourt
29/11/2012

Um comentário:

  1. ESSES DIAS LI SUSAN SONTAG E LEMBREI DE VC. NOVAMENTE A REFERENCIA DELA ME VEM A MENTE QUANDO TE LEIO...
    FICA APENAS O TITULO DO LIVRO:
    DIANTE DA DOR DOS OUTROS

    ResponderExcluir