16 de jul. de 2010

Cheguei no Cachaça pra esperar aquela que parece um carretel transbordante: perdendo linhas...
Peço uma cerveja, espero o telefone tocar, ligo incessantemente pra ela até ouvir a mensagem desesperadora da cx postal, desliga o telefone e me deixa sozinha numa penumbra de calçada, sem outra opção a não ser beber toda a cerveja, já quente da garrafa que pra 1 pessoa é gigante.
Depois de ver uma manada de gringos passando de um lado para o outro, vejo-os entrando no bar dono da minha cerveja, pedindo algo pro garçom que não entende e mesmo assim os atende. 2 das 4 menininhas em seus xadrezes da mesa ao lado vão afoitas tentar ajudar o garçom. A gringaiada as empurra com seu sotaque texano (o que me fez entender de pronto que não haveria boa recepção a quem oferecesse ajuda) e elas voltam com cara de capa de CD do Tom Zé achando e reclamando que eles não queriam beber e sim despejar o que já tinham bebido. Passados minutos mínimos, cada um sai com seus 666 ml gelados individuais, desnecessitando de copos, ao que o garçom insiste em pedir que sejam usados.
Não vi a cara das meninas, nem preciso.
Os brancos gritam velando sua bebida escorregante. Odeio os gritos e ponho meus fones no mais alto ARCTIC pra velar meus ouvidos e vedar meus pensamentos vazantes.
Uma vendedora de olhos pedintes com seus 9 anos, no corpo de 6, para na mesa certa. O branco mais embalado pela ventania passa a mão em sua cintura num gesto que não sei definir se pedófilo ou complacente, mas certamente pedante. Sem espada a menina se esquiva. Um alívio assobia meu suspiro.
Faltam 20 minutos pra minha conta ser fechada.
De lugar, algum, vem duas Skols que não pedi. O branco que coçou o bolso pra vendedora me dá seus restos como se eu os tivesse pedido. Digo, em sua língua pra que seja esclarecido, que não quero! Que não tenho mais tempo e que não mereço ser fotografada sozinha faltando 20 minutos pra partir com 3 garrafas numa mesa sem acompanhante. De nada - adianta.
Vão embora depois de me contar que estão atrasados pro voo de volta pra casa dentro de uma cidadezinha que nem guardei o nome no Canadá.
E de alguma forma não os vejo mais como os idiotas de antes. Vejo-os como os idiotas que já foram.
Fecho minha conta e vou.

Carolina Bitencourt
15/07/2010