7 de fev. de 2017

Passar pelas ruas do Rio, no começo de Fevereiro, nesse pedaço ermo de fronteira entre bairro parque praia, escuro varrido de folha seca amendoeira, espécies... repleto de vazio insegurança ar de verão com uns gatos pingados a esmo, uns cachorros pintados magros... Nem parece que daqui uns dias tá tudo coberto de gente. Um tapete de pele colorida com pó, cerveja, suor deslisante e gritos decorados na embriaguez, aqueles nacos de refrão destilados gelados com calor a vapor. Pouco  se acredita ver tanta sorte de povo alegre ou as torturadas almas serelepes se pegando sem considerar amanhã durante a noite ou transcorrendo sem dormir horas inteiras sedentas pela próxima batucada batida a próxima corrida ou a mesma sangria desatada pelos blocos de metal gigantes circulando no asfalto quente, aliviado por sombras escassas disputadas a bunda, cotovelo, sorriso maroto e piscadelas de gentileza. Quem diz que se inunda de som rasgado de palheta voz nylon baqueta qualquer objeto atrito barulhento que se encontre a frente ou à mão acompanhando sem compasso ou com o que tão na hora bradando? A confusão distinta por metros de distância entre um monte caminhando e outro dispersando entre encontros frustrados e novas amizades espontâneas, a náusea faminta por massa ferro hidratação ou refrescância. Nem parece que é bonito, gostoso, ou dá saudade, mas é, é, e dá.
Passando por essas ruas a esses minutos de agora nem parece, Má aparece nos dias certos pra ver se tu não se solta e volta todo ano, passa?

Carola Bitencourt
06/02/2017