29 de jul. de 2013

Mania de rimar me mata
Ata uma estancada criativa
desvia atenção e mantém
aquela maneira cativa
de rimando o vício
mimar poesia de vai-e-vem
Virtuosidade saturada
mesmice de fazer o fácil
indócil
caneta calibrada na palma
dedo viçoso treinado
Nada mais se faz novo
Tudo é parte do todo
Esmerilhado no costume
de macerar letra no entorno
da página já esculpida
nessa lida árdua da escrita
que hora sangra feito jorro
hora pára gotejando suor socorrido
à piedade do próprio corpo
escorrendo pelo sentido
de rimar mais um pouco.

Carola Bitencourt
22/07/2013

19 de jul. de 2013


Já houve momento histórico e gente mais interessada em regurgitar a podridão engolida por obrigatoriedade, socada a golpes de democracia goela abaixo.
Democracia. Palavra concreta. Sentido desconexo.
Enquanto a maioria burra escolhe o presente empobrecido por um complexo de inferioridade, onde se sentem não merecedores de direitos básicos e se trancam nessa ignorância arraigada em séculos de escravidão, que ainda perdura no interno de seus cernes, os mais astutos se enrolam na incapacidade, ou na falta de falácia, para repassar o entendimento de qualquer consciência existente aos menos favorecidos de informação.
E é nesse embaraço social, que não chegou ao cume do caos, que alguns poucos acordam pra gritar vaia no vão do coletivo.
Incrédula, sem esperança de melhora imediata, penso que será necessário chegar a uma calamidade ainda maior pra que esse tal gigante se levante das pedras portando sangue suficiente pra extrair a obrigação moral dos governantes ou subtraí-los de suas posições.
Enquanto a unidade for estrábica, continuaremos nessa marcha estática, cansando as pernas e gastando a garganta à toa.

Carola Bitencourt
19/07/2013