26 de dez. de 2011

To ficando com um "gostar" cada vez mais peculiar...
o que acho bonito, os outros acham feio
e o que abomino, outros lambem pelos dedos.
minha verdade se debate entre a razão e o sentir.

o frio não me gela:
me queima
assim como as pálpebras transparentes
com as quais visto os olhos antes de dormir.

se espero o word se abrir pra escrever o poema
quase todo ele se escorre antes que eu comece a desenhar o tema...

a vontade vem de nunca mais

de uma terra distante num rumo sem horizonte,

qual linha de barbante será minha corda bamba ambulante a ligar as vias de um norte alcançavelmente assaz?

Outro ano que se delonga em acabar na última semana
E os dias cinzas de um verão que esfria na segunda,
sem querer me dizer pra ficar na cama, antes das horas úteis atuais

quantas poses serão necessárias pras noitadas que não quero mais?

Só meu corpo diz o que ouço amém,

meu desejo é o de me manter no ensejo de não perder o espírito de hoje, nem a vitalidade de anos atrás

E onde estará meu bem,
que ainda não conheci, nem me disse olá através das vidrassas na rua, ou de um cartaz colado no poste com a legenda: procura-se
“para amar e respeitar,
até que a morte do amor entre si os separe”.

Que noite é essa, onde escrevo sem dó, na pluralidade de um momento só, sem a falta, alguma, de uma companhia além da minha?

Estarei ausente nas festas sem lei, em que tudo que se ve é o desespero sorridente dos sujeitos carentes, se tornando substantivos frouxos, sem adjetivo que não seja pejorativo, e um coração remendado a esparadrapo nada curativo, e pouco lucro da altivez.

Virarei sozinha sim.

Um réveillon feliz.
já que a mim, me fascina
a lucidez!
e tão mais tempo passe entre eu e eu mesma,
até que o espelho me dê de volta o que entreguei sem pedir permuta, sem pedir, sem querer...

Carola Bitencourt
26/12/2011

19 de dez. de 2011

Acelera o coração corroído.
Ele passa com um riso frouxo de canto de boca
com pouca pompa mas alguma malemolência.
Nem sei dizer se o peito ferido
aguenta
outra flecha do bandido cupido
mas que espeta, espeta.
A espera da resposta certa
quando o calor deu lugar ao frio
se torna banho de grito fanho
vontade apertada na garganta seca

Quem dera meus olhos tivessem legenda
e ele assistisse minha beleza...

Carola Bitencourt
19/12/2011