10 de jun. de 2012

ainda há uma aqui dentro que se refaz feito gato
com sete vidas, e umas entre-linhas
tantas dessa mesma que se retrai no precipício
algumas que pulam no impulso
outras que se explodem
em respingos nos is
o quebra cabeças se organiza aqui:
no caminho das letras de certas verdades
que não consigo esconder
galopada em potro
na desordem desse cérebro coxo e sagaz
posso ter ideias corrompidas
ameaças de desprezo pós apresentação
mesmo assim, não morro na praia
tiro sempre minha conclusão
nem pela culatra, nem pelas beiradas
minha virtude é ir direto ao fundo
apneia mental é meu exercício diário
nesse Cão mundo
o que está a minha volta, percebo.
se aos demais lhes vale a cegueira,
sinto muitíssimo obrigada,
a mim só me cabe a verdade!

Carola Bitencourt
10/06/2012
é bom que seja raro
que deixe o dia raso, sem horas suficientes
é melhor se for honesto,
um bocado atraente pelos dentes
seja alto dentre os todos de mesmo tamanho
que seja sentido, pontiagudo e almeje o céu
que dele caia
plumamente papel
com recado
com pecado rente a santidade eterna
encontre nos fios uma trança serena
faça serrote nas idas tornadas vindas
recomeço infindo
cores, ardores e mimos
memórias sem botão delete
no leito de raízes encrostadas na pele
se pudesse ser mais
virar de esquerdo pra perfeito
sem vaias nem força
outra virtude de fora da sorte
servido em pote com cobertura
deliciado derretido pela boca
uma dessas quimeras realistas
relacionadas a palpites certeiros
dosadas sem censura, nem consumismo

é bom que exista,
ou meu tempo aqui jamais termina...

Carola Bitencourt
10/06/2012
Me frustro sim! Aceito toda essa sensação de impotência, sei que ela também passa, mas enquanto não passa, consigo um segundo de paz enquanto a descrevo:
Minha frustração vem quando percebo que o engraçado é sempre mais valorizado que o sincero. Que todo o esforço só é reconhecido quando destacado. Ser ordinal é ser sodomizado pelo ego alheio.
Me irrito com facilidade ainda, a diferença é que hoje não grito, engulo porque não vejo motivo em destacar o erro uma vez que esse não será reparado, nem mesmo haverá tentativa de desfaze-lo.
Toda a ação gasta, todo o esforço em se fazer necessário é desnecessário. Quanto mais se dá de si, mais é perdido nos infinitos dos outros. Concordo mais com Simone: "O Inferno Sou Eu", do que com Sartre: "O Inferno São os Outros".
Invejo os egoístas e sua liberdade em não esperar de si mesmo, ou de nenhum externo, o retorno, igualitário, proporcional ou mesmo interno. Invejo os engraçados, com eles ficam todos os olhares admirados. Invejo os 220 volts, desses que acabam fazendo tanta coisa que só tem tempo de reclamar da falta de tempo e nenhum minuto lhes sobra pra observar em volta.
Adoraria também não considerar a aprovação alheia, afinal, os únicos que não a consideram são os que já a possuem.

É muito possível que tudo seja só uma questão de expectativas muito elevadas quando esperadas dessa categoria animal tão perfeitamente perturbada...

Imagino que sejam somente momentos de realidade que me arrebatam pra atacar minha consciência frágil que não acata a convenção de sermos todos tão insignificantes.

Normalmente se termina com uma moral da história que traz alento. Dessa vez, não. Hoje.

Carola Bitencourt
10/06/2012

1 de jun. de 2012

Felicidade deveria ser engarrafada para ser tomada no momento da falta de alegria.
Problema é que felicidade vicia.