23 de mai. de 2013


"ando tão a flor da pele",
e ao mesmo tempo tão dentro da casca
costurando minhas moleiras
pra não cair no esmo do mito
pairando pela beira do morro
matando o cisco do olho
com sal, cimento e sentido
o grito do cão ecoou
escoando a sombra da noite
desejando o solstício
manhã se apresenta sucinta
suspeitando a serra subida
"besteira qualquer, nem choro mais,
só levo a saudade morena",
e meus pés no vento que vem
da mesma matéria oxidada
do mesmo tema maciço
sambando no tempo temido
quarando as bocas no sarau
molhando as línguas no mel
derretendo a vista no cal
sol me beija carinhoso
o dorso, o rosto, a cara e a face
satura meu sonho de paz
materializa a sorte
me acode, me traz
de volta
voraz!

Carola Bitencourt
23/05/2013