14 de jun. de 2016

Vou desfazer a maquiagem que ninguém viu além de mim. Deitar com uma garrafa quente pra espantar o frio que ninguém aqueceu, fora o calor de dentro aqui. Criar coragem pra desnudar e recobrir a pele já repelindo o ar gelado e a conversa amena da casa ao lado, ou dos moradores passivos na minha. Vou curtir orvalho pela parede dos fundos, sorver sorte de coisa alguma tal falta de necessidade em dividir a concha. Abrir o inconsciente pra Morfeu abraçar as pálpebras fechadas. Continuar o sonho sem sinestesia ou mesmo telepática no meu eu futuro dizendo: acorda, já é hoje. E então, um boa noite sem tramela, escancarada no abismo de mim, reencontrar aquela que é, sem mais, sem medo, soma de tudo que vi vívido no voo livre do hoje.

Carola Bitencourt
14/06/2016


tá tudo caindo na caixa de spam.
não sei porquê, mas acontece.
essas vezes que nus vemos,
nos empadesem.
quem sabe um dia
a verdade aparece,
e vc vai perceber a riqueza
perdida na nossa prece.
talvez seja uma relâmpago,
a luz que acende.
pode ser um flash de cegueira,
ou uma fogueira
transcendente.
do rico riso um hip hop grunge,
dessa história toda
funk desbunde,
pode ser nós dois
um nó desfeito,
um cabelo e paletó
engravatado no jeito,
uma hora sã,
uma oração
sem trava.
uma via vã
de outra coisa exata.
bora amar sem tanto
complicar a rima,
deixa a moça sambar,
deixa a paz ser a firma,
formo seu compasso
se
você acertar a cina.
Carola Bitencourt
06/06/16