18 de abr. de 2012

Há uma esfera soberana de tirania múltipla, que não escolhe por raça, classe ou estado, a quem sobrepujar. Uma esfera não exclusa da nossa atmosfera vigente, que engloba como verniz a nossa.
Pode-se chorar contanto que seja miseravelmente. Não há possibilidade de um choro digno. Todas as fraquezas demonstradas são automaticamente traduzidas em insignificância, como se o fato de estar fraco em algum momento o tornasse desprezível e desnecessário ao convívio alheio pelo tempo de uma vida.
Imagino, se a beleza tem sua ditadura, como se chamaria o que temos com o estado de espírito: despotismo?
Depositamos esse absolutismo vão, vago, lúgubre e insolúvel no que há de mais puro: os sentidos.
É preciso estar em eterno teor de alegria, sóbria e constante de tal forma que o ao redor jamais se dê conta da vontade de colo que se tenha. Caso contrário, estamos em posição de piedade, e mesmo que de forma pueril, basta para criar a ojeriza geral destes fortes intocáveis.
Caçamos tanto uma felicidade utópica que ao menor sinal do que julgamos fracasso dessa busca ao tesouro marcada com um X no mapa de couro, obviamente previsível, abominamos a possibilidade de admiração pelo sujeito sincero que assume sua sensação valendo-se de nada mais que o verdadeiro ser-sentir.
Abre-se uma guerra, plastificada pelos soldadinhos de chumbo preguiçosos demais pra pensar por si mesmos, contra aqueles a quem a lágrima desce belamente sem vergonha.
“Nem todos os dias são bons. Eu continuo sorrindo. Nem todos os dias são bons, mas eu continuo sorrindo. E se aparece um que não mostre até os molares, que amole outro: esta felicidade é tão frágil quanto a certeza de estar no caminho certo.”
- É, eu, Carola, sinto! Muito: “eu gosto dos que tem fome, que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem”. Esses fortes não reinam minha diretriz, e quando choro me sinto rainha, certamente, não de um castelo de cartas marcadas.
Sejamos mais honestos com a emoção, meus meros caros impermeáveis!

Carola Bitencourt
18/04/2012

17 de abr. de 2012

Mais uma vez veio a noite
varreu o claro espanando a vela acesa
Mais uma vez o cansaço e a destreza de se jogar na cama
antes trono de horas cobertas de estudo musical e filosófico
Agora banheira de formol
objetivo cínico: outro dia laboral

Tive o vislumbre na borda da hora
uma vista meio apagada no foco borrado
uma vontade sem verdade estórica
outra manha ignorada na carência eufórica
metade silêncio e outro meio vício

Rascunhei alguns palpites
Salvei serenatas inativas
pestanas de trastes desconectos
até cair novamente na natural dúbia notívaga
Meu sono, minha corda, minha bebida.

Carola Bitencourt
17/04/2012

9 de abr. de 2012

não há um dia sequer em que meu violão não me traga a lembrança dele.
todas as vezes que passo no catete, me lembro dos gatos e do lanche/almoço pão de forma e iogurte.
se estou triste o replay instantâneo da sua voz me vem ao ouvido dizer que é desnecessário adiantar o inadiável.
a saudade é um balde transbordante do melhor vinho!
desperdício impropício de tanto sentimento proporcionalmente sem sentido.

que falta me faz M.C.R.F.