14 de nov. de 2016

queria um abraço
a bela feroz do laço
não deixou rastro de presa
sem pressa, sem amanhã, sem sorte de coisa
nem uma mesma besta se solta
agora o troço uiva vadio e torto
um mastro de algorítimo morto
uma voz sem estrofe,
ou mesmo uma hora de horto
quando tudo for manhã
futuro certo de uma diva mal diná
feiticeira
seremos chocolate derretido
e um pouco de coco calado
enquanto tremem as vielas
decantados is fondues de panelas
foudis com a vida dos melaninos
e a nossa via, trela
atolada em comi-elas
as veias do sarado dorso
continuam exaltadas,
moço sopro
viva como se fosse esse outro
a dividir sem sua consciência
o mesmo oxigênio

Carola Bitencourt
14/11/2016

29 de ago. de 2016

Comecei a fumar o tabaquinho, desses que vendem na rua. Tudo separado e tem que montar peça por peça. Parece lego e faz você parecer funcionário da Philip Morris década de 40, onde quer que vá, ou um morto muito louco trocando as pernas, montando, andando, tropeçando. Montando.

Até aí, tudo bem. Montou, fumou, tem recompensa. Começa a desenvolver habilidades manuais incríveis, descobre que todos os dedos tem funções nunca exploradas, separadamente, um por um.

Como o texto é curto e a receita do miojo já rolou, vou dar dicas:

Dica 1: Pratique o desapego. Aqueles cabelinhos soltos que vão se perdendo no caminho, fazendo falta ou não, jamais voltarão pra você. Despeça-se sem preocupação. Foi com o vento.

Dica 2: Jamais perca esta ordem: Seda, Filtro, depoooois o tabaco. Do contrário tu tem que pedir a terceira mão do coleguinha do lado e se não tiver perde o trabalho todo de já ter colocado tudo na seda pra achar o pacotinho de filtro, ou achar aqueles já despejados junto com os fiapos dourados. É tudo programado.

Dica 3: ISQUEIRO!! Seu melhor amigo – mais que aqueles que te mandam meme de whatsapp no dia 21/01 ou do 07, nunca lembro essas datas... – ISQUEIRO! Você não será o mesmo quando estiver sem. Já faz um estoque em casa. Não vai ficar fazendo de conta que é mania de colocar no bolso. Todo mundo tá na mesma que você nesse esquema do amigo número 1.

Dica 4: Pode ser, ou não, vc que sabe. A cartucheira pode ser uma importante aliada. Faz uma diferença enorme naquela hora de achar todos os itens, as pecinhas pra montar. Mãos livres. Livre-se do peso no ombro. Vale a pena.

Deve ter mais um monte de dicas, mas o cigarrin acabou. Antes de chegar no filtro, claro. Agora só dá tempo de fazer um miojo (bhléee)! 

Mais informações no próximo perrengue. Bja

Carola Bitencourt

28/07/2016

14 de jun. de 2016

Vou desfazer a maquiagem que ninguém viu além de mim. Deitar com uma garrafa quente pra espantar o frio que ninguém aqueceu, fora o calor de dentro aqui. Criar coragem pra desnudar e recobrir a pele já repelindo o ar gelado e a conversa amena da casa ao lado, ou dos moradores passivos na minha. Vou curtir orvalho pela parede dos fundos, sorver sorte de coisa alguma tal falta de necessidade em dividir a concha. Abrir o inconsciente pra Morfeu abraçar as pálpebras fechadas. Continuar o sonho sem sinestesia ou mesmo telepática no meu eu futuro dizendo: acorda, já é hoje. E então, um boa noite sem tramela, escancarada no abismo de mim, reencontrar aquela que é, sem mais, sem medo, soma de tudo que vi vívido no voo livre do hoje.

Carola Bitencourt
14/06/2016


tá tudo caindo na caixa de spam.
não sei porquê, mas acontece.
essas vezes que nus vemos,
nos empadesem.
quem sabe um dia
a verdade aparece,
e vc vai perceber a riqueza
perdida na nossa prece.
talvez seja uma relâmpago,
a luz que acende.
pode ser um flash de cegueira,
ou uma fogueira
transcendente.
do rico riso um hip hop grunge,
dessa história toda
funk desbunde,
pode ser nós dois
um nó desfeito,
um cabelo e paletó
engravatado no jeito,
uma hora sã,
uma oração
sem trava.
uma via vã
de outra coisa exata.
bora amar sem tanto
complicar a rima,
deixa a moça sambar,
deixa a paz ser a firma,
formo seu compasso
se
você acertar a cina.
Carola Bitencourt
06/06/16

30 de mai. de 2016

"Me falta cigarro"
escreve um amigo
Me falta você
penso comigo
"Me abraça"
ouvi quando disse
abracei
sem te prender no ninho
To paspalha
sorrindo, alto
flutuante no meu imaginário
gargalhando, lembrando
dos olhos grudados
no meu...
_ _ _ _ _

Não te escrevo
Fito as fotos
Falho nos atos
Fecho os olhos
atônita e leve
Levo seu rosto
onde quer que vente
Volta, presença
fincada no ventre
Vejo você
entre as memórias
sábado foi
domingo passou
segunda já é
Quando nus sexta-seremos novamente?

Carola Bitencourt
30/05/2016

7 de mai. de 2016

Dois dias
três anedotas tardias
anotadas em papel de pão
Enrolado o fumo
mofado o rolo escrito
crivo de credo
lenda rezada e
o viés contrário da ida
Vida de véu desanuviado
desvio vidrado
sem reflexo
enxofre queimado
rima no verso
Na capa as aspas apesar
de exasperado o salto
escracho do sexo forte
fonte transgressa
expresso norte
hora vinda do leste
A fome repercutida em tambor
de onde
Dessa descida decidida
saída de urgência
vigência de vigia acordado
no branco da noite
de fato foi-se açoite
maciço mais sorte que vazar as asas
pelo céu vazio
rasgado no interno do osso
sozinho no cálculo
servido no copo
engolido do cálice pra laringe
de longe um ponto eco
do pouco o outro que nasce
Nessa sabida transpiração
inspirada por carbônico expirado
por tantas contas somadas.
Onda andada em zigue-zague
...
E continua

Carola Bitencourt
06/05/2016

12 de abr. de 2016

Cafuné Cafona

Vez em quando seu pezinho molhado aparece num canto esquerdo no alto da minha tela, onde posicionei o ícone da rede social.
É uma foto dessas despretensiosas (talvez icônica) tal qual nossas duas tardes passadas num passado presente tipo rede de balançar, onde repouso minha lembrança.
Assim do nada, pairando nesse mar de virtudes virtuais me paira seu marasmo confortável, aquele da companhia calma, serenidade que desejo, e uns pingos de saliva doce pra temperar.
Em algum ponto ficou por lá, naquele feriado gasto na redoma da cama, dividindo o travesseiro, nossa vontade de querer mais.
Mas, acho ainda que pode ser válida uma nova tentativa, outra volta no relógio do tempo perdido. Mais uma sessão de sol no chuveiro e aquelas mordidas no ombro, ou queixo.
Sei lá eu porquê motivo - razão não fica nessas horas, só a circunstância - to nesse looping de cena no interno do olho...
Dê uma piscada se você também quiser criar outras novas vagarosas tardes.
Posso secar seus pés molhados e de repente seguimos mais um pedaço de caminho, assim como quem não quer nada.
;)

Carola Bitencourt
11/04/2016

1 de abr. de 2016

não tem a quem chamar
não tem grito que agrave
tem teor de voz que chama
tem alou, to precisando.

tem amigo,
quando interessa
tem vontade
quando há pressa
tem desejo que não interpreta

de onde vem paciência
de onde surge decência
onde se faz a palavra hoje
quando amanhã
é só ausência?

foda-se o gosto
foda-se o sábio
o sádico
é esse
que se aproveita

nessa não tem moral da ESTORIA
nessa se faz a glória sem satisfação
nessa, quem contava
agora não considera
não.

Parabéns!
os entes queridos, escolhidos
na encruzilhada se perguntam:
sãos?

Carola Bitencourt
31/03/2016

31 de mar. de 2016

descobri posso não te escrever
e ainda assim ter sido lida

na hora, foi tudo certo
5 5 mais igual
dois parafusos entrando na bucha macia
agora só sei da falta:
não quero!
prefiro a certeza da só
só sei ser suzigna
só sei dar momento
não passo de ar
solto no ventilador
gira gira gira
e agarra cabelo
os pelos não são sábios
os lábios que engolem
pelo mais
são!
cada apelo exato
estranha a graça aranha
a força das raízes
dizem os tortos crespos
tão tantas vezes
inexpressaados
gritam agora o toque mais sensato
o "por favor, tomar no açú-de!"
sai
que
vai
to fora
to sina
em quantas formas
quanto possibilidades hábeis.
bjins, amo

Carola Bitencourt
30/02/16

29 de mar. de 2016

enquanto eu tinha:
o tudo era tido,
agora o nada
faz pouco sentido
Quem sentava à mesa
já não regozija
quem transparece o riso,
procura cerveja!
enquanto a hora
se esconde no tanto
a sorte se escora
num banjo sem nota
o som de hoje
é tanto quanto cada
e a nata da arte
se transforma em face.
CADÊ a vera?
onde foi parar a foice?
em que momento
se perdeu a fera
quando se transformou
a luz
em noite?
PERGUNTE
não se esqueça
o trauma está
onde se dorme a cabeça.

Carola Bitencourt
28/03/2016

27 de fev. de 2016

porque depois de sábado não tenho compromisso
minha libido não trafega nessa velocidade masculina
não se espaça na saúde biológica psíquica
está exatamente entre a fossa e a foice
entre o nosso e o acoite
nessa vaidade de deveras noite
escura
sem ausência de cor
madura
sem briga pela cota
sem tempo pra convencer o que somos
sem cara pra dizer o atrasado que não te explico!
lo siento, pero
puramente não farei tradução do sentido
desculpa, sem culpa de responsabilidade
quando for real conversaremos em outra língua

e enquanto isso, dessas 6 às 10 discutindo essas todas possibilidades
encontramos todos a delícia de amenidade
que tanto não interessa
quanto não causa prosopopeia

tudo uma edição de contexto
um pre-sabe-este de português correto
de sintaxe no lugar errado
ou de fonética mais atraente que o certo

a gente se cobra
se contorce na cama
não dorme, nem de fato reclama,
tendo lençol, ou pelado no terraço.
depilação é o estrado do colchão sem chama

estamos vivendo  ideia
sem acento
compactuamos com a proteção
sem obrigação de relento
o que convencía, era quase um alento
e agora a verdade
tem certeza desse guento

quantas estrofes repetidas
serão necessárias
quantas pontuações farão falta
(?????? ?????????? ????? ?????)

será assim nossa comunicação
é essa sensação a que não pode ser dita?
compreensão causa essa dúvida
tão maldita
ou o meio se fez um laço
sem saída
ou a força bruta é despida

escrevemos pra nenhuma leitura
sobrevivemos pra algum provérbio
se digitamos, ou riscamos
o fato é que nunca lemos





até o fim

Carola Bitencourt
26/02/2016

6 de jan. de 2016

Foram poucas fotos porque o tempo pedia mais ver, que registrar.
Foram poucos dias porque a vontade era de ficar.
Guardei todos os sorrisos e foram milhares:
até de quem não se conhece, num lugar desses, se recebe
Trouxe todos os abraços dados, colhidos, sentidos
e até os que se dá sentado mesmo, na preguiça de levantar
Os presentes em forma de abrigo,
os cuidados em forma de remédio ou de veneno anti-monotonia
As bailadas rodopiadas e leves,
os véus de noite e as brumas serelepes
Risadas, quantas
da bochecha doer e rir colorido ainda mais, mesmo já satisfeita
Tantas trocas de carinho
ajuda, doação,
sensação de pertencimento?
só se for a de reconhecimento
do todos um que somos
do mais um que soma
da sapiência de ser o todo
Foram muitos amores,
reencontrados, criados, em desenvolvimento...
amor de mato, amor ao mato, no mato...

Foi tudo muito, uns poucos nadas (nenhuma tristeza, nenhum arrependimento),
assim como a saudade e a vontade de multiplicar cada pedacinho de tempo
cada conversa batida na varanda, todos os bons minutos, nessa nossa vida séria.

Obrigada a todos pela convivência, experiência e os mergulhos no profundo

de Aldeia Velha!

Carola Bitencourt
06/01/2016